18 de agosto de 2009

40 ANOS DE WOODSTOCK


Nova Iorque - Woodstock foi um festival de música anunciado como "Uma Exposição Aquariana", organizado na fazenda de 600 acres de Max Yasgur na cidade rural de Bethel, Nova York, de 15 a 18 de agosto de 1969. Era para ocorrer na pequena cidade de Woodstock, estado de Nova Iorque, onde moravam músicos como Bob Dylan, mas a população não aceitou, o que levou o evento para a pequena Bethel, a uma hora e meia de distância.

No entanto, mais que um festival, Woodstock representou um marco definitivo na história das relações humanas e sociais no mundo. Mostrou, nem que tenha sido por três dias, que a humanidade pode viver o sonho-realidade de "Paz e Amor". Mostrou que os jovens pensavam e agiam e não eram uns alienados imbecis como a burguesia de nariz torcido pretendia fazer parecer. Uma juventude tão forte que jamais haverá outra igual no planeta, tão incomparável que a partir de Woodstock o mundo tem que ser dividido entre antes e depois dela, algo como (a.w e d.w) e que orgulha a todos que participaram do movimento, mesmo que não tivessem estado lá.

Era de "Paz e Amor"

O festival exemplificou a era hippie de “Paz e Amor” e a contracultura do final dos anos 1960 e começo de 70. Trinta e dois dos mais conhecidos músicos da época apresentaram-se durante um chuvoso fim de semana defronte a meio milhão de espectadores. Apesar de tentativas posteriores de emular o festival, o evento original provou ser único e lendário, reconhecido como uma dos maiores momentos na história da música popular. Ficou registrado em um documentário lançado em 1970, Woodstock, além de uma trilha-sonora com os melhores momentos.

Woodstock surgiu dos esforços de Michael Lang, John P. Roberts, Joel Rosenman e Artie Kornfeld. Roberts e Rosenman, que entrariam com as finanças, colocaram um anúncio sob o nome de Challenge International, Ltd., no New York Times e no Wall Street Journal ("Jovens com capital ilimitado buscam oportunidades de investimento legítimas e interessantes e propostas de negócios"). Lang e Kornfeld responderam o anúncio, e os quatro reuniram-se inicialmente para discutir a criação de um estúdio de gravação em Woodstock, mas a idéia evoluiu para um festival de música e artes ao ar livre.

500 Mil Pessoas

Mesmo considerado um investimento arriscado, o projeto foi montado tendo em vista retorno financeiro. Os ingressos passaram a ser vendidos em lojas de disco e na área metropolitana de Nova York, ou via correio através de uma caixa postal. Custavam 18 dólares (aproximadamente 75 dólares em valores atuais), ou 24 dólares se adquiridos no dia. Aproximadamente 186.000 ingressos foram vendidos antecipadamente, e os organizadores estimaram um público de aproximadamente 200,000 pessoas. Não foi isso que aconteceu, no entanto. Mais de 500,000 pessoas compareceram, derrubando cercas e tornando o festival um evento gratuito.

Este influxo repentino provocou congestionamentos imensos, bloqueando a Via Expressa do Estado de Nova York e eventualmente transformando Bethel em "área de calamidade pública". As instalações do festival não foram equipadas para providenciar saneamento ou primeiros-socorros para tal multidão, e centenas de pessoas se viram tendo que lutar contra mau tempo, racionamento de comida e condições mínimas de higiene.

Apenas Dois Incidentes

Embora o festival tenha sido reconhecidamente pacífico, dado o número de pessoas e as condições envolvidas, houve duas fatalidades registradas: a primeira resultado de uma provável overdose de heroína, e a outra após um atropelamento de trator. Houve também dois partos registrados (um dentro de um carro preso no congestionamento e outro em um helicóptero), e quatro abortos.

Ainda assim, em sintonia com as esperanças idealísticas dos anos 60, Woodstock satisfez a maioria das pessoas que compareceram. Mesmo contando com uma qualidade musical excepcional, o destaque do festival foi mesmo o retrato comportamental exibido pela harmonia social e a atitude de seu imenso público.

Os Participantes

O livro Woodstock, do jornalista americano Pete Fornatale, é um relato sobre as apresentações de cada artista presente em Woodstock, contado por quem esteve lá (artistas, jornalistas, público e produtores do evento). O livro comemora os 40 anos do festival e faz justiça a possíveis talentos esquecidos presentes na lista abaixo.

Sexta-Feira, 15 de Agosto
Aberto oficialmente às 17 horas

Richie Havens
Swami Satchidananda
Country Joe McDonald (tocou separado da sua banda, The Fish)
John Sebastian
Sweetwater
The Incredible String Band
Bert Sommer
Tim Hardin
Ravi Shankar
Melanie
Arlo Guthrie
Joan Baez

Sábado, 16 de Agosto

Quill
Keef Hartley Band
Santana
Country Joe McDonald
Canned Heat
Mountain
Janis Joplin
Grateful Dead
Creedence Clearwater Revival
Sly & the Family Stone
The Who
Jefferson Airplane

Domingo, 17 de Agosto

Joe Cocker
Country Joe
Ten Years After
Blood, Sweat & Tears
Johnny Winter
Crosby, Stills, Nash & Young
Paul Butterfield Blues Band
Sha-na-na
Jimi Hendrix

Curiosidades

# Max Yasgur (15 de Dezembro de 1919 — 9 de Fevereiro de 1973) foi o dono da fazenda em Bethel, Nova York, onde ocorreu o festival em 1969.

# A banda Grateful Dead tocou durante a chuva. Alguns membros da banda tomaram choques durante a sua apresentação e Phil Lesh (o baixista) ouviu o rádio de transmissão de um helicóptero através do amplificador de seu baixo enquanto tocava.

# The Doors inicialmente concordaram em tocar pois acharam que o festival fosse ocorrer no Central Park, mas decidiram ir contra a idéia quando souberam que o festival ocorreria em uma fazenda isolada da cidade. (Existe outra versão)

# Jimi Hendrix estava agendado para tocar no domingo, mas, pelas ocorrências inesperadas, acabaram por tocar na manhã de segunda-feira, quando restavam apenas 35.000 pessoas.

Apesar do festival ter abrangido uma multidão de 500.000 pessoas, apenas 200 pessoas foram presas no local por ofensas, mesmo estando sob os efeitos incontestáveis das drogas. Foram documentadas apenas duas mortes no festival: uma pessoa morreu de overdose de droga, a segunda pessoa morreu ao ser atropelada por um trator enquanto dormia no campo. Algumas fontes afirmam que há uma terceira morte, devido a uma apendicite, mas isso ainda não foi provado.

Apresentações Canceladas

# The Jeff Beck Group estava agendado para tocar no festival, mas cancelou pois a banda acabou uma semana antes.

# A banda canadense Lighthouse estava certa de que tocaria no festival, mas, no final, acabaram decidindo por não tocar, pois temeram que aquilo fosse uma cena ruim para a banda. Mais tarde, alguns membros do grupo disseram que se arrependeram da decisão.

Convites Negados

# A banda Led Zeppelin foi chamada para tocar no festival, mas o empresário da banda, Peter Grant, afirmou: "Nós fomos chamados para tocar em Woodstock e a gravadora (Atlantic) estava bastante entusiasmada, e Frank Barsalona (o promotor) também. Porém eu disse não pois em Woodstock nós seríamos apenas outra banda na parada". Em vez disso, o grupo foi para uma turnê de mais sucesso.

# The Doors foi considerada uma banda com grande performance, tinha bastante potencial, mas cancelou a apresentação em cima da hora. Ao contrário do que muitos pensam, esta ocorrência não está relacionada ao fato de o vocalista, Jim Morrison, ter sido preso por postura indecente em um show anteriormente. O cancelamento do show se deu ao fato de que Morrison sabia que a sua voz soaria repugnante por estar ao ar livre. Há também a idéia de que Morrison, em um momento de paranóia, estava com medo que alguém atirasse nele e o matasse quando o mesmo pisasse no palco. No entanto, o baterista John Densmore compareceu no festival; no filme, ele pode ser visto ao lado do palco durante a apresentação de Joe Cocker, quando esse cantava o hino lisérgico "Lets Go Get Stoned".

# Os promotores entraram em contato com John Lennon, pedindo para que os The Beatles tocassem no festival. Lennon disse que os Beatles não tocariam no festival a não ser se a Plastic Ono Band, da Yoko Ono, também pudesse tocar. Os promotores o recusaram.

# Frank Zappa e The Mothers of Invention afirmaram: "Muita lama lá em Woodstock. Nós fomos convidados para tocar lá, mas recusamos" - Frank Zappa.

“Meu Deus! O Que é Isso!”

Michele Dean era uma adolescente quando chegou a Woodstock em 1969, mas deixou de sê-lo logo depois. Os primeiros a receber a jovem de 17 anos recém-formada foram dois meninos e uma menina que, recorda ela, saíram nus de um lago."Meu Deus! O que é isso!", exclamou Dean, que hoje tem 57 anos e trabalha para a IBM. "Naquela época, eu não esperava aquilo", contou.

Depois, chegou a multidão de meio milhão de pessoas que derrubou o alambrado para três dias de sexo, drogas e rocknroll. Para as pessoas que participaram no evento, Woodstock foi algo quase mágico, um momento sem regras: os hippies assumiram o controle, os grandes nomes do rock, como Jimmy Hendrix, estavam em seu apogeu e o mundo era realmente, verdadeiramente, maravilhoso."Passei todo o tempo de boca aberta", recorda Dean, que 40 anos mais tarde, parece não ter saído do assombro que viveu naqueles três dias marcantes.

Evento Foi um Milagre

Em termos práticos, o Woodstock foi um verdadeiro milagre, conta Mel Lawrence, diretor de operações do evento realizado no norte de Nova York. O show quase foi cancelado quando os donos de Wallkill, o lugar inicialmente planejado, perto do povoado de Woodstock, repentinamente retiraram a autorização para organizá-lo. Foi encontrado um novo local em Bethel, mas faltava menos de um mês para instalar o palco, o sistema de som e a infraestrutura para dezenas de milhares de pessoas, incluindo questões básicas como a eletricidade e sistema sanitário.

"Só tínhamos 28 dias para montar o local e, naquela época, estava chovendo havia uns 20 dias. Também tínhamos problemas de dinheiro. Mas conseguimos", disse Lawrence. Mas as dificuldades estavam apenas começavam. Os organizadores tinham planos para 100 mil pessoas, mas o total foi quatro vezes maior. Quando o alambrado foi derrubado, o show ficou aberto para todo o mundo e as estradas ficaram cheias a tão ponto que muitos simplesmente abandonaram seus carros. "Chegou uma hora, no segundo dia, que ficamos sem comida", contou Lawrence.

Mas, à medida que o caos aumentava, os organizadores, os líderes da contracultura, os moradores do local - a maioria conservadora - e os milhares de fãs do rock, foram resolvendo estes problemas. Os moradores davam comida, os organizadores conseguiam pratos de papel e milhares de pessoas receberam o famoso "café da manhã na cama para 400.000".

Verdadeiro Espírito Hippie

Dean lembra que a maioria demonstrou um verdadeiro espírito hippie, compartilhando tudo e com boa vontade. "Quando dois jovens começaram a brigar, os demais simplesmente os cercaram de mãos dadas, em círculo, e os dois terminaram abraçados", disse. Boa parte dos impulsos pacifistas tinha a ver com o cheiro de maconha no ar. "Eu diria que a metade das pessoas estava drogada", comentou o ex-policial Robert Fink. "Estava por toda parte. A gente nem precisava fumar para sentir o efeito", declarou.

Reverência Pelo Lugar

Fink, que hoje é um homem forte de 73 anos, estava no lugar supostamente para cumprir sua tarefa. Mas a realidade foi mais forte. Não poderia deter o equivalente à meia cidade. O próprio Lawrence não lembra bem como ele e seus colaboradores conseguiram enfrentar a situação. "Era algo impossível de planejar. Foi uma série de circunstâncias que se sobrepuseram de forma misteriosa", comenta. "Acredito que foi o carma. Tratamos o lugar, Bethel, com muito, muito respeito".

Fonte: Jornal Sobre Tudo

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