As várias Paixões vividas em Nova Jerusalém
Encenada há 43 anos ininterruptos, cada ator que passa
pelo espetáculo imprime uma marca nos seus personagens
Por Luna Markman
Foto: Reprodução/TV Globo
Jesus Guevara. Maria moderna. Pilatos indeciso. Essas foram as características que Eriberto Leão, Susana Viera e Paulo César Grande quiserem imprimir nos seus personagens, respectivamente. Cada ator que passa pelo elenco da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém enxerga a história de uma maneira particular e quer deixar a sua marca.
No papel principal do espetáculo, Eriberto Leão viu no Jesus um Che Guevara na terra. “É muito fácil a pessoa seguir os ensinamentos de Deus no céu. Mas aqui na terra, as pessoas tem que trabalhar pela justiça social. O Brasil pode ser uma nova Jerusalém, pois é um dos países mais poderosos do mundo por conta dos seus recursos naturais. Este ano (de eleições), as pessoas terão uma chance de escolher de que forma quer que o País cresça: com ou sem sustentabilidade”, explicou.
Jesus volta a ser interpretado por Eriberto Leão, que participou da montagem em 2005. “Na época eu tinha 33 anos e hoje eu estou com 37. Na Bíblia, dizem que Jesus pode ter nascido 4 a.c, ou seja, fiz ele nas duas idades. O que muda é que eu amadureci e evolui em todos os sentidos”, disse.
Neste domingo (28), o ator e músico Zé Barbosa, 30 anos, natural de Limoeiro, vai fazer o papel de Jesus. Ele, que por dois anos seguidos interpreta o apóstolo Mateus – sem fala no espetáculo, vai entrar no lugar de Eriberto Leão, que estará no programa Domingão do Faustão concorrendo ao prêmio “Melhores do Ano”.
“Eu faço o stand in de Jesus nos ensaios, ou seja, sou eu quem faço a assistência de gravação com o ator que chega para interpretar esse papel. Então, estou preparado, tranquilo, mas é claro que fiquei surpreso com o pedido”, falou. No fim do espetáculo deste sábado (27), Eriberto e Zé se abraçaram afetuosamente, e não foi por acaso. “Eu e Eriberto temos uma sinergia, uma conexão. Ali, ele me desejou força e me passou energia para o desafio”, complementou.
MARIA
Susana Vieira já está à vontade com o título de Maria. Depois de interpretar Maria do Carmo, na novela Senhora do Destino, a atriz caiu na graça do povo nordestino. Tanto é que a direção do espetáculo resolveu aumentar a cena da Via Sacra para melhor aproveitar a presença da atriz. Além de o cenário ter mudado para facilitar o deslocamento do público e melhorar a visualização, trechos inéditos do roteiro original foram colocados na cena.
“A Paixão tem pouco texto, é mais movimento. Mas eu achava que Maria tinha pouco destaque. Por isso, quando o texto cresceu, fiquei feliz e pude fazer a Maria que eu acredito. Ao invés de uma mãe chorosa, lamentosa e compungida, uma mulher que não estava conformada em saber que o filho ia morrer. Igual a uma mãe de hoje”, disse.
PILATOS E HERODES
Para Paulo César Grande, interpretar Pilatos seria mostrar um homem indeciso, entre a cruz e a espada. “Eu quis passar esse sentimento de dúvida, dar uma humanidade a Pilatos, pois ele estava sofrendo pressão por todos os lados. A frase mais emocionante e difícil de falar é - Que seja crucificado”, revelou.
Outro “algoz” de Jesus é Herodes. Tanto é que o ator Mauro Mendonça acredita ser até um pecado fazer esse papel. “Sou espírita e acredito em Deus. E Herodes praticamente empurra Jesus para a morte. Eu faço porque sou um artista e tento fazer o melhor. Quem sabe até eu não volte no ano que vem”, disse, já adiantando o desejo de retornar à Fazenda Nova.
A curitibana Dig Dutra era uma das mais emocionadas em cena. Pular de Maria Abadia, seu personagem no programa humorístico Zorra Total, para a sofredora Maria Madalena não foi fácil, segundo ela. “Na TV a gente sabe que milhares de pessoas assistem, mas não tem essa conexão com o público, por isso é tão emocionante. Não esperava receber esse convite agora. Apesar de ter 19 anos de carreira, para mim participar da Paixão de Cristo é um marco na carreira, algo para entrar no currículo de qualquer profissional”, falou.
PAIXÃO
Neste sábado, quase 12 mil pessoas assistiram ao espetáculo, que este ano virou Patrimônio Material e Imaterial de Pernambuco. Em quase três horas, a multidão segue os últimos passos de Jesus em cenas que se desenvolvem em nove palcos distintos. A peça envolve 560 atores e figurantes, além de 400 profissionais na parte técnica.
A Paixão de Cristo fica em cartaz até o dia 3 de abril. Os portões abrem às 16h e o espetáculo começa às 18h. Os ingressos variam entre R$ 20 e R$ 60, dependendo do dia. Informações: (81) 3723.1129 ou www.novajerusalem.com.br.
Fonte: pe360graus.com
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